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SOLAR DO MARQUÊS DE TRÊS RIOS

1895

Partindo de uma linha temporal do local em que o Edifício Santiago está instalado, o primeiro ponto relevante é a pré-existencia do Solar do Marquês de Três Rios.


1895: Sobre
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ORIGEM

Construído entre o fim de 1850 e início de 1860, foi a primeira edificação existente nas acomodações onde hoje se encontra o Campus da Fatec-SP, e era uma residência com entrada na Avenida Tiradentes, número 1, em esquina com a antiga Praça do Visconde de Congonhas, chamada hoje de Praça Coronel Fernando Prestes.

A inspiração para o nome da edificação vem de seu proprietário, que nem sempre foi o mesmo. A princípio, a residência foi construída para ser o palacete do Comendador Fidélis Nepomuceno Prates, e  foi concebida com o mesmo nome, 

passando-se um tempo, Joaquim Egídio de Souza Aranha, o Marquês de Três Rios, tornou-se o novo proprietário do palacete, e então este passou a se chamar Solar do Marquês de Três Rios. A rua que fazia esquina com o Solar também homenageou seu antigo proprietário, e foi nomeada como rua Três Rios.

Nos situando cerca de 30 anos a frente, Maria Cecília Loschiavos dos Santos, indica que, em 23 de novembro de 1893 a Fazenda do Estado de São Paulo arrematou em leilão público o prédio da companhia São Paulo Hotel, hipotecado ao Banco de Crédito de São Paulo.(SANTOS,1985). Esse prédio era o antigo Solar do Marques de Três Rios, que já havia sido vendido anteriormente pelo Marquês, e que em 1893, se tornou a primeira sede da Escola Politécnica, desde a sua fundação em São Paulo.

1895: Imagem

ASPECTOS ARQUITETÔNICOS

"Segundo Ramos de Azevedo, o projeto da residência de Fidélis era do próprio proprietário, que foi o primeiro morador da cidade a construir uma sede de chácara em estilo neoclássico, influenciado pela arquitetura da Corte." (CAMPOS,2005.)

O estilo arquitetônico neoclássico foi marcado pelas referências europeias e fugia do rebuscamento barroco, antes predominante no Brasil. 

Ao chegar no pais no século XIX ,este estilo foi bastante influente na Corte, trazendo algumas inovações, porém chegou de forma diferente nas províncias, uma vez que, para a construção fiel ao estilo havia a necessidade de importação de materiais e mão de obra, que por muitas vezes, apenas as regiões litorâneas tinham acesso, por conta dos portos. 

"Com a Independência, os senhores de terra e de escravos assumiram a arquitetura da época que firmou-se em duas versões: o neoclássico oficial, da Corte, quase todo feito de importações. E a versão provinciana, simplificada, feita por escravos, exteriorizando nos detalhes as ligações dos proprietários com o poder central."(FILHO,2006)

Algumas características da edificação, apesar dos azulejos e peças importadas, se enquadrava no neoclassicismo provinciano de São Paulo, como o uso de platibandas, esculturas nas fachadas, presença de janelões, balcões e sacadas, uso de vergas retas, e, geometria e simetria, além da ausência de elementos puramente ornamentais, em excesso, marcadas no estilo barroco.

Pode-se dizer também que o antigo Solar era uma residência de tipo híbrido entre típicas características rurais e urbanas, marcadas por exemplo pelo afastamento da edificação das divisas entre outros terrenos, como em chácaras, e pelas entradas, que possuíam acesso direto nas calçadas, como acontecia em edificações urbanas.

1895: Texto

A princípio, as características do Solar não agradaram Ramos de Azevedo, que se encarregou de cuidar da adaptação da edificação, para se tornar sede da Escola Politécnica.

"A casa principal, com quanto constituía um verdadeiro padrão de arte de construir em passados tempos (cerca de quarenta annos), muito deixa a desejar em relação à sua distribuição e aspecto [...] 

A ordenança exterior não se filia a estylo algum e as fachadas, desprovidas de quaisquer acidentes de realce, apenas impressionam pela massa, oferecendo uma physionomia grave e triste. "(SANTOS, 1985).

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1895: Citação

ASPECTOS TECNOLÓGICOS

Indícios apontam que o sistema construtivo utilizado foi de alvenaria autoportante de tijolo de barro, tecnologia que chegou em São Paulo a partir de 1850, e se popularizou por oferecer mais segurança contra inundações, em relação as casas de taipa. Outro indicativo é o de Fidélis ter adquirido uma olaria, após iniciar a locação da sua residência.

"Na olaria que foi do Sr. Joaquim Floriano de Araújo Cintra, hoje pertencente ao tenente-coronel Fidelis Nepomoceno Prates, continua-se a fabricar tijollos e telhas: para encomendas podem se dirigir a Lourenço Domingues Martins, Rua do Rozário, nº9 (CORREIO PAULISTANO, 01/08/1858, Annúncios, p. 3)." (BALDIN, 2015).

Após ser adquirido pela Escola Politécnica, o Solar passou rapidamente por reformas, para que pudesse receber e atender, a equipe e às demandas da Escola Politécnica, que começou a funcionar em 1894, apesar da biblioteca ter ficado pronta apenas no ano seguinte. Em pouco tempo foi necessário expandir as instalações físicas da escola, seja pela evolução dos anos acadêmicos, seja pela demanda da evolução das tecnologias e metodologias de ensino.

O desenvolvimento das engenharias em São Paulo se tornou gradualmente acelerado, e se fez necessária a criação de diversos laboratórios, que foram utilizados em aulas práticas para os alunos, e para apoio dos profissionais, atuantes na cidade de São Paulo, com isso, começaram a surgir, relativamente rápido, novos prédios e dependências, incluindo aqueles que se encostavam no antigo Solar do Marquês de Três Rios, compondo um pátio interno.

Ao longo do tempo, o Solar continuou passando por várias mudanças e adaptações para que pudesse atender as necessidades da instituição de ensino, e são descritas quase como incessantes por Alexandre Albuquerque em um trecho da Revista Politécnica de 1930 “Novo Prédio para a Escola Politécnica” :

“O Solar do Marquez de Tres Rios foi, no decorrer dos tempos perdendo o seu aspecto primitivo. Desappareceu primerio o Amphitheatro de Physica, a antiga sala dos professores Rondelli e Taunay [...]

Cada anno que se passava, nova mutação surgia na velha residência”

Até que, em 5 de julho de 1924, ocorreu a segunda revolta tenentista de São Paulo, a chamada “Revolução Esquecida” ou “Revolta Paulista de 1924”, e o Solar do Marquês de Três Rios foi seriamente danificado, devido aos bombardeios.


Dado o ocorrido, o Professor Luiz Inácio Romero de

Anhaia Mello elaborou um relatório minucioso de avaliação de danos e custos para restauro da edificação. O prédio foi condenado e posteriormente demolido em 1929, mas é importante ressaltar que, antes mesmo do bombardeio, de acordo com o relatório, as condições de uso já eram precárias. O antigo Solar, não foi capaz de acompanhar o desenvolvimento e consequentemente as demandas que a instituição requeria, fator este que pode ter decorrido, tanto de falta de recursos para realização de manutenção e restauros necessários, como também a certa inflexibilidade atingida pelo edifício, depois de tanto tempo se remodelando. 

1895: Texto

GALERIA

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1895: Portfólio
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